Autoridades da área de proteção e defesa das crianças e adolescentes esperam uma ‘explosão’ de casos de abuso sexual cometidos durante a pandemia do coronavírus, mas que deverão ser revelados somente ao fim do isolamento social, principalmente no retorno às aulas nas escolas. É o que afirma o presidente da Frente Parlamentar Contra o Abuso e a Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes, deputado federal Roberto Alves (Republicanos-SP). Em uma live do parlamentar com a ministra da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, Damares Alves, ela afirmou que há uma grande preocupação com a segurança das crianças e adolescentes nesta pandemia, pois a estimativa é de que 78% dos crimes de abuso sexual infantil são cometidos dentro de casa. De acordo com ela, o Disque 100 apontou uma redução de 19% das denúncias de violência sexual contra crianças e adolescentes entre janeiro e abril deste ano, durante a pandemia. Para Damares, essa queda percentual revela a incapacidade das vítimas de fazer a denúncia, porque elas estão confinadas com seus abusadores. “Estou preocupada com o que poderemos deparar após a pandemia”, disse. Em outra live do deputado Roberto Alves, a titular da Delegacia de Proteção à Criança e Adolescente da Polícia Civil do Distrito Federal (DPCA-PCDF), delegada Ana Cristina Santiago, informou que observa o mesmo ‘fenômeno’. Entre janeiro e maio, na capital do país, foram registrados 341 casos de violência sexual infantil, 68 a menos em relação a 2019. Ela destaca que os casos subnotificados deverão ser revelados, principalmente, no retorno às aulas. “Os professores são os principais ouvintes, em se tratando de relatos de abuso sexual. Eles, provavelmente, irão notar as mudanças de comportamento das crianças e certamente ouvirão delas o que aconteceu durante a pandemia. Estamos atentos a esta situação”, destacou Ana Cristina, durante a conversa on-line. Conselhos Tutelares Roberto Alves também fez uma live com a coordenadora geral de Fortalecimento de Garantias e Direitos da Criança e do Adolescente, órgão ligado ao Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, a neuropsicóloga Alinne Duarte. Ela ressaltou que os conselhos tutelares de todo o Brasil estão mobilizados no atendimento aos casos de abuso sexual infantil, que podem eclodir após a pandemia. “O abuso sexual, enquanto crime subnotificado, tornou-se ainda mais obscuro e silencioso nesta pandemia, porque as vítimas não sabem o que fazer para pedir socorro, estando elas perto de seus abusadores. É uma situação de muito perigo”, observou a coordenadora. Nas conversas on-line, o deputado Roberto Alves reforçou a importância de denunciar o abuso sexual infantil à polícia ou ao Disque 100, seja antes ou depois da pandemia. O importante, disse ele, é levar o caso às autoridades e salvar a vida da criança ou adolescente.
“O isolamento social vai acabar, mas a verdade deverá prevalecer. É dever da família apoiar a criança, para que seu pedido de socorro chegue às autoridades”, afirmou.
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